A menina de 12 anos levada da porta da escola, em Sepetiba, Zona Oeste do Rio, até São Luís, no Maranhão, tentou fazer contato com a família durante o tempo em que foi mantida em cativeiro. A vítima desapareceu no último dia 6 e foi localizada nesta terça-feira. O açougueiro Eduardo da Silva Noronha, de 25 anos, foi preso e autuado por sequestro e cárcere privado pela Polícia Civil maranhense.
— Ele deixou seu próprio celular com a menina e ficou com o dela. Os dois aparelhos foram espelhados, de forma que ele conseguia saber quando ela tentava contato com a família. Nem a localização ela conseguiu enviar — disse o delegado Marcone Matos, o chefe do Departamento de Proteção à Pessoa (DPP).
O policial afirmou que a menina era mantida trancada no quitinete de Noronha. Todos os dias, quando saía para trabalhar, ele trancava a porta e levava a chave consigo. Vizinhos relataram que suspeitavam de que algo atípico acontecia no local, mas não denunciaram para a polícia.
Segundo Matos, a Polícia Civil do Maranhão entrou na investigação sobre o sequestro na última sexta-feira, quando foi procurado pela delegada Elen Souto, titular da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) do Rio. Os agentes fizeram diligências e conseguiram localizar a residência de Noronha.
Elen Souto explicou que a localização da vítima foi possível porque enquanto ainda estava com o seu celular, a menina usou o aparelho na única oportunidade em que foi à rua com Eduardo, para comprar roupas em uma loja. Na ocasião, o celular dela acessou o Wi-fi de uma loja em São Luís, dado que foi obtido pela DDPA. Em sua ida ao estabelecimento, a menina enviou uma mensagem para a irmã pedindo socorro e informando que estava sendo mantida em cárcere pelo homem.
— A partir da solicitação dos dados cadastrais do titular dessa rede de Wi-Fi, nós verificamos que se tratava de um estabelecimento comercial que vendia roupas femininas e verificamos que nessa oportunidade, a vítima se valeu de seu celular para acessar o Instagram e mandar mensagem para sua irmã, dizendo que se encontrava no Maranhão e que estava presa, sendo mantida dentro de um quitinete. Ela não sabia informar o local que ela estava, o bairro que ela estava. Não sabia sequer descrever eventuais vizinhos que existiam na redondeza — detalha Elen.A delegada acrescentou que com a informação da localização da loja, passou a realizar diligências junto com a Polícia Civil do Maranhão para encontrar a menina.
— Com essas informações, começamos a trabalhar em parceria com departamento de proteção à pessoa de São Luís, em especial o delegado Marconi, e passamos a realizar buscas com as características dadas pela vítima nesse pedido de socorro enviado para sua irmã. Começamos a efetuar buscas nos arredores desse estabelecimento comercial. Estabelecemos um raio e começamos a efetuar buscas — explica.
As equipes chegaram ao local por volta das 17h e passaram a meia-hora seguinte batendo de porta em porta. Eles chegar ao lugar certo após a menina ser reconhecida por foto por moradores. Muito assustada, a vítima demorou até se convencer de que os policiais queriam ajudá-la e abriu uma janela.
— Ela estava bastante nervosa, já que, como conversaram por dois anos, tinha confiança nele. Nós a acalmamos — contou Matos.
Depois de resgatar a vítima, os policiais esperaram por Noronha. Ele chegou ao edifício por volta das 19h. De acordo com Matos, o açougueiro “sabe da gravidade do que fez”. A menina foi ouvida por uma psicóloga e foi encaminhada para um abrigo, onde aguarda que os pais a busquem.
De acordo com a polícia, Noronha viajou para o Rio de avião. Após sequestrar a menina, ele pegou um carro de aplicativo para voltar ao Maranhão. Pela corrida, pagou R$ 4 mil.
Quando a filha ainda estava sequestrada, o pai da menina disse, em entrevista ao EXTRA, que no ano passado flagrou uma conversa da filha com um rapaz que seria do Maranhão.
Eduardo dos Santos Noronha, de 25 anos, foi preso suspeito de sequestrar uma menina de 12 anos
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